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26 fev 2013

champagne

Por um bom tempo pensei em qual seria o assunto do meu primeiro post. Falar sobre um prato, um doce, uma bebida, um restaurante, indicar um mercado ou uma boa loja de comida? Mas só tive a inspiração quando revi um livro que li logo que cheguei aqui em Paris, A Viúva Clicquot: A história de um império do champagne e da mulher que o construiu, de Tilar J. Mazzeo. Nada mais apropriado para celebrar o início deste nosso novo espaço que falar dele, o champagne!

A história do champagne é cheia de controvérsias. Pelo que esse livro nos conta, por volta do século XVII, o champagne foi descoberto acidentalmente. Por exigência francesa, os vinhos exportados para a Inglaterra eram enviados em barris de madeira fechados. Os ingleses, ansiosos em impedir que esses vinhos se transformassem em vinagre, foram os primeiros a engarrafá-los. E ao fazer isso, adicionavam conhaque à bebida, pois já era sabido que ele funcionava como um conservante. Engarrafando e acertando a dose de conhaque, descobriram que a bebida – que provavelmente ainda continha um pouco de leveduras – começava a borbulhar. Assim, provocaram involuntariamente a segunda fermentação necessária à produção do espumante. Os franceses têm outra versão para a descoberta da bebida, que também conta que ele foi descoberto acidentalmente, mas parece ter sido um pouco depois dos ingleses, e naturalmente, na região de Champagne, na França.

Os ingleses adoraram esse vinho com bolhas e até tentaram em laboratório descobrir como fazê-las. Os franceses inicialmente o interpretaram como um vinho ruim, chamando-o de frisante de vinho do diabo. Dizem até que deram a missão de descobrir como eliminar as bolhas a Dom Pierre Pérignon, um monge cego expert na produção de vinhos naquela época. Hoje, ao saber disso, podemos até pensar: que bom que ele não conseguiu, né?

Nessa época, na França, ele era chamado de vin mousseux, que pode ser traduzido como vinho espumante. Ele só foi ser chamado de champagne no início do século XX. Além disso, era muito mais doce que o champagne que tomamos hoje em dia. O champagne distribuído na França chegava a ter 200 gramas de açúcar residual por garrafa. Hoje, um dos mais doces no mercado tem até 20 gramas de açúcar.

O estilo do champagne vai dos mais secos aos mais doces, em categorias que vão do brut nature (naturalmente forte), extra brut (extra forte) e brut (forte) para os secos que vão do sec (seco), extra sec (extra seco), demi sec (semi seco) e doux (suave), os mais doces. Resumindo, o brut é seco e o sec é doce. Hoje o estilo do champagne é definido no seu rótulo, assim como a informação de que é vintage (quando usam-se uvas de apenas uma safra) ou nonvintage (quando usam-se uvas de mais de uma safra).

Além disso, pela lei francesa atual, o champagne é feito praticamente da mesma maneira que nos seus primórdios. E a sua fabricação só pode empregar três variedades de uvas: as pretas pinot meunier e pinot noir, e as brancas chardonnay. O vinho básico para se produzir champagne é normalmente uma combinação de mais de 40 tipos de vinhos. Mas só vinhos muito bons ficam bons com a adição das bolhas.

Oficialmente só pode ser chamado de champagne o vinho produzido na pequena região homônima no nordeste da França. São de lá as grandes marques conhecidas até hoje, como Veuve Clicquot, Moët & Chandon, Laurent Perrier, Ruinard, só para citar algumas. Não sei se já repararam, mas os que não são champagne têm em seus rótulos nomes como espumante, pró-seco, cava ou vinho frisante, por exemplo.

A região de Champagne, que vem do latim campo, tem o terroir – condições ambientais – ideal para a o cultivo de boas uvas. E é o potencial do terroir que o sistema francês échelle des crus classifica. O título de grand cru – uvas que atingem 100% na escala da perfeição – é reservado a localidades altamente selecionadas, hoje apenas 17 na região da Champagne. A segunda categoria, premier cru – traz uvas que atingem de 90% a 99% do padrão de excelência.

Já queria ir à Champagne, mas depois de ter me apaixonado por essa história, vou fazer o possível para ir este ano. Quando for, conto para vocês aqui. No meu roteiro quero incluir Reims, a cidade da la grande dame, como a viúva é conhecida na região. Até hoje as safras raras de Veuve Clicquot ainda são chamadas assim (la grande dame). Além disso, nesta região, la veuve só tem uma, e é a viúva Clicquot, tamanha a sua importância para a história do champagne.

Como sabemos, com o tempo o vinho se torna mais precioso. O rijo tanino derrete e amacia, o sabor amadurece e aflora. Espero que este blog seja assim também, e conto com a participação de vocês para me ajudar a fazê-lo cada dia melhor!

Sobre o livro:

Por que adorei o livro? Porque além de contar as histórias da viúva empreendedora e do champagne, ele também explica essas características interessantes, como a questão do terroir, das uvas, dos diferentes tipos da bebida, entre outras.

Agora ficou com vontade de comprar o livro e tomar um champagne? Para o livro o Google me mostrou algumas opções e para o champagne, corra para a sua geladeira!

Amazon The Widow Clicquot
Livraria Cultura A Viúva Clicquot

Fontes da foto: Sea to the Sea

  1. Leeee!! Adorei o post, super didático. Tinha ouvido falar do livro, agora já decidi que vai ser o próximo da lista.

    • Oi Karina,
      Que ótimo saber que gostou! Fico feliz 🙂 o primeiro comentário do blog foi seu! Obrigada!
      O livro é muito gostoso, li em menos de uma semana. Adorei que ele não conta apenas a história da Viúva, mas a contextualiza na história do champagne, da França e ainda comenta essas coisas interessantes de se saber como sobre as uvas.
      Beijos,

  2. Cássia disse:

    Lê, foi uma delícia ler esse post! Me deu até água na boca! Pena que não adianta correr pra minha geladeira…. Primeiro, preciso ir ao mercado! Rsrs

  3. […] hoje eu não vou falar sobre a história do champagne de novo e nem sou patrocinada pela Veuve Clicquot – quem me dera! Quero mesmo é mostrar […]

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