Visitei e fiz uma degustação de vinho do Porto na Graham’s em Gaia, ao lado de Porto, Portugal. Foi aquele intensivão em pouco mais de uma hora. O guia explica sobre a história da vinícola, cultivo, terroir, esmagamento das uvas, o processo para se fazer o vinho, safras vintage, entre outros assuntos interessantes. A infra estrutura da cave também é ótima e a degustação é sentada, um diferencial pelo que vi nas fotos de outras caves – muitas são em pé. Foi muito acima do que eu esperava e um passeio super agradável para fazer quando você estiver em Porto.
Ah, uma curiosidade. O vinho do Porto tem esse nome pois é exportado a partir da cidade do Porto desde a segunda metade do século XVII, no entanto, ele fica armazenado nas caves de Vila Nova de Gaia. As cidades ficam uma ao lado da outra, separadas por uma ponte.
Dá para fazer o trajeto entre o Cais da Ribeira – o point dos restaurantes em frente ao Rio Douro, em Porto – até as caves em Gaia a pé ou de carro. A Graham’s é uma das mais afastadas da ponte e fica a 2 km dela, mas aviso para quem pretende ir a pé: tem um morrinho, viu. Se você tiver de carro, é melhor.
Informações práticas da visita:
Não precisa marcar hora ou agendar com antecedência. Você chega e aguarda a próxima visita na sua língua. Eles esperam um pouco para ver se vai chegar mais alguém da mesma língua, e se demorar, arranjam uma visita só para vocês. No nosso caso esperamos uns vinte minutos e tivemos um guia só para nós. Percebi que isso é comum, as turmas são pequenas. Eles têm guias que falam português, inglês, francês, holandês, dinamarquês, alemão, russo e espanhol.
Quanto custa e o que inclui:
Além da visita guiada pela cave, são três tipos de degustação, cada uma com uma combinação de vinhos e o preço varia de acordo com o “cacife” dos vinhos. Desculpa, mas não me lembro quanto pagamos, acho que foram € 5 ou € 10 por pessoa pela degustação mais simples. Isso inclui a degustação de 4 tipos de vinho (mas o guia foi super gente boa e nos ofereceu um vintage de graça).
Degustamos esse da foto abaixo (Quinta dos Malvedos 1999), um branco e outros três mostrados a seguir:
Quinta dos Malvedos 1999: a Quinta dos Malvedos é o melhor vinhedo da Graham’s e obteve a classificação máxima “A” atribuída pela entidade reguladora dos vinhos do Douro. Os vinhos provenientes dessa Quinta possuem uma qualidade tão elevada que, nos anos de declaração de Vintage (normalmente são 3 safras vintage por década), constituem a base de origem do lote dos Vinhos do Porto Vintage clássicos da Graham’s. Na maioria dos anos intermédios, os vinhos da quinta dos Malvedos merecem ser engarrafados como vinho de uma única quinta ou Vinho do Porto Vintage ‘single quinta’, de uma única colheita. 1999 foi um ano de safra Vintage e esse vinho tem aromas de chocolate, menta e pimenta. Robusto e forte, tem notas de cassis, amoras selvagens e ameixas pretas. Pode ser tomado sozinho, mas também harmoniza bem com sobremesas de chocolate, como uma mousse.
Fine White Port: vinho do Porto branco com sabor frutado e um toque suave de amêndoas. Tem uma cor pálida, dourada. Deve ser servido fresco, como aperitivo (antes da refeição) ou com sobremesas leves. Não precisa de decantação.
Tawny 10 anos: envelhecem de dois a três anos nos balseiros, passando depois para as pipas de 550 litros, que permitem um mais elevado contato do vinho com a madeira e daí com o ar. Assim os Tawny respiram mais, oxidando e envelhecendo rapidamente. Devido à elevada oxidação os Tawny perdem a cor inicial dos vinhos tintos, ganhando tons mais claros como o âmbar, e sabores a frutos secos como as nozes ou as amêndoas. Com a idade os Tawny ganham ainda mais complexidade aromática, enriquecendo os aromas de frutos secos e adquirindo aromas de madeira, tostado, café, chocolate, mel, etc. O Tawny 10 anos tem cor tawny (laranja-vermelho) profundo, aromas de nozes combinados com notas de mel e figos. É rico em sabores frutados amadurecidos, aveludados, com final rico e longo. Harmoniza bem com doces como torta de maçã com canela. A Graham’s recomenda que ele seja servido ligeiramente fresco para acentuar o gosto e o prazer da experiência. Após aberto, conserva-se algumas semanas.
Late Bottled Vintage (LBV) 2008: é um vinho selecionado entre a melhor produção de um ano muito bom mas, ao contrário do Vinho do Porto Vintage “declarado”, que é engarrafado no seu segundo ano, o LBV amadurece durante cerca de 5 anos em cascos de carvalho antes do engarrafamento (daí a designação Late Bottled – engarrafamento tardio). Este envelhecimento em madeira favorece a evolução do vinho e, por isso, está pronto para ser bebido mais cedo do que o Vinho do Porto Vintage. Tem uma cor ruby profunda. Tem um aroma rico com notas de frutas vermelhas e pretas selvagens. É doce, com sabor de amoras e amoras selvagens balanceado com taninos firmes. Tem uma finalização longa, suave e aveludada. Após qualquer refeição, harmoniza bem com chocolate e queijos como um cheddar maduro ou um queijo de cabra.
Six Grapes Reserva: é engarrafado relativamente jovem (entre 3 e 4 anos) a fim de manter a frescura e o vigor comparáveis a um Vinho do Porto Vintage jovem. De cor vermelha escura profunda, com aroma de ameixas maduras e cerejas. Complexo no palato, com uma boa estrutura e um longo e persistente final de boca. É delicioso quando desfrutado após qualquer refeição, acompanhando muito bem sobremesas à base de chocolate ou nozes, bem como queijos apurados. Não necessita de decantação.
Qual deles mais gostamos? Difícil dizer, porque todos são bem diferentes e cada um aplicável a uma ocasião. O Fine White (€ 18 a garrafa) e o Six Grapes (€ 29) são os mais doces e jovens. O LBV não é tão jovem, mais ainda rico em frutas vermelhas (€ 29). O Quinta dos Malvedos 1999 (mais de € 50) é encorpado e com um sabor mais selvagem e por último, o Tawny 10 anos (€ 33) que é mais amendoado e com cor mais clara. Como foi difícil escolher os preferidos, compramos um kit que vem com todos eles, com exceção do Quinta dos Malvedos, que nunca é vendido em kit.
Para quem não sabe, Gui e eu somos um casal jovem e já tínhamos provado vinho do Porto, mas sempre com a impressão de ser coisa de gente mais velha 🙂 Quer saber, adoramos e agora temos tomado em casa. Envelhecemos!
Por que escolhi a Graham’s:
Porque quem me indicou foi alguém que entende do assunto (@migueldouro no Instagram, que é o Gerente de Projetos da Agência de Desenvolvimento do Vale do Douro). Quando fui em abril a Graham’s tinha acabado de reformar toda a cave e concordo, ela estava brilhando nova. É uma vinícola muito tradicional, uma das melhores produtoras de vinho do Porto e a cave tem uma vista fabulosa do Rio Douro. Só para você ter uma idéia, o único vinho do Porto servido no Jubileu da Rainha Elizabeth II em 2012 foi o Graham’s safra de 1952.
Acima o Colheita Tawny 1952 servido na comemoração do jubileu de diamante da Rainha Elizabeth II em 2012. Ainda tem algumas garrafas à venda por € 453. Simplinho.
Cave Graham’s
Rua do Agro nº 141 Vila Nova de Gaia, Oporto
Tel: +351 22 377 64 84/85
Site da cave aqui, site da Graham’s aqui.
Algumas informações relacionadas aos vinhos que degustei foram obtidas no site da Graham’s.
Fotos: 1a., 2a. e penúltima fotos: reprodução do site da Graham’s. Todas as outras pertencem ao Cozinha vibrante
Deixe um comentário
Mineira morando em SP, me formei em culinária na Ferrandi em Paris, trabalhei no Joël Robuchon e fiz curso de food styling publicitário nos EUA. Sou freelancer e faço trabalhos de food styling, produção culinária, criação de receitas e produção de objetos para fotografias e vídeos gastronômicos. Veja meu portfolio em www.leticiabittencourt.com.br
E se quiser receitas e outras coisas mais, se jogue no menu do blog aqui em cima e nos posts aqui do lado que tem um universo de coisas gostosas a serem descobertas!
Posts mais recentes
Parceria
[…] escolhemos a Graham’s e te conto porque e todos os detalhes da degustação neste post aqui: degustação de vinho do Porto na Graham’s. Do Cais da Ribeira até a Graham’s são 2km, mas tem um morrinho perto da chegada, […]
[…] adoramos vinho do Porto. Leia aqui no blog dois posts interessantes sobre o vinho do Porto: minha visita à cave da Graham’s e algumas curiosidades sobre o vinho do […]