Algumas curiosidades sobre o vinho do Porto

O vinho do Porto é um vinho natural e fortificado, produzido exclusivamente a partir de uvas da região demarcada do Douro, no norte de Portugal a cerca de 100 km da cidade do Porto.

Como falei neste post em que contei sobre a visita à cave de vinho do Porto da Graham’s em Vila Nova de Gaia, o vinho do Porto tem esse nome pois é exportado a partir da cidade do Porto desde a segunda metade do século XVII, no entanto, ele fica armazenado nas caves de Vila Nova de Gaia, que é a cidade ao lado.

Isso me lembrou o que contei neste post que só pode se chamar champagne os vinhos espumantes produzidos na região de Champagne, na França.

A região do Douro tem um clima caracterizado por verões quentes e secos e invernos rigorosos. O seu solo é composto de xisto, uma rocha metamórfica laminada. Rico em nutrientes, este solo tem também a útil propriedade de retenção da água. O xisto retém uma determinada quantidade de humidade, por vezes, apenas a suficiente para permitir à videira sobreviver nas condições áridas que prevalecem durante a maior parte do verão. Assim, o solo das vinhas do Douro partilha a qualidade essencial de muitos solos vitícolas – a capacidade de permitir que as videiras se desenvolvam enquanto modera o seu acesso à água e consequentemente os seus rendimentos de produção. O clima seco, combinado com as pequenas uvas de pele grossa, que caracterizam as castas tradicionais do vinho do Porto, produzem vinhos de extrema riqueza e profundidade.

Mas por que o solo ideal para a videira não deve ter muita água? Pois assim a videira precisa fazer um esforço maior para encontrar água e nutrientes e desta forma, eles ficam mais concentrados nas uvas. Nesse caso, quanto mais água e nutrientes, mais doces as uvas ficam. Quando o solo tem muita água, a videira cresce, fazendo brotar galhos e folhas e consequentemente, “repartindo” a água e os nutrientes que deveriam ir só para as uvas. Assim, as uvas têm menos água, menos nutrientes e consequentemente, menos açúcar.

Um vinho normal tem um processo de fermentação longo, que pode durar meses, até que todo o açúcar das uvas seja transformado em álcool.

O que torna o vinho do Porto diferente de outros vinhos, além de suas uvas e o clima único do Douro, é o fato de a fermentação do vinho não ser completa, sendo interrompida numa fase inicial (dois ou três dias depois do início), através da adição de uma aguardente de vinho com cerca de 77º de álcool. Com isso, o açúcar natural das uvas que iria se transformar em álcool permanece no vinho deixando um residual de doçura nele – é por isso que o vinho do Porto é mais doce que os vinhos comuns. E em função da adição da aguardente vínica, o vinho do Porto tem uma concentração de álcool mais alta que os vinhos comuns (entre 17 e 22º de álcool, enquanto os vinhos comuns têm entre 7 e 13º).

Em função da sua alta concentração de açúcar e álcool, o vinho do Porto deve ser bebido em taças pequenas (normalmente há dois tipos de taças de licor, uma bem pequena e outra maior, o vinho do Porto deve ser bebida na maior).

Safras vintage referem-se àquelas que originam vinhos produzidos com uvas colhidas em determinado ano em que as condições climáticas, de produção e outros fatores colaboraram para que esses vinhos tivessem uma qualidade excepcional. Normalmente são três safras vintage por década.

Há vários tipos de vinho do Porto: branco, Tawny, Ruby, LBV – Late Bottled Vintage, Reserva e Ruby básico. O João Filipe, do blog Falando de Vinhos, fez dois posts bem completos explicando cada um dos tipos: clique aqui e aqui para lê-los.

Esmagamento tradicional, que até hoje é considerado o melhor.

Esmagamento mecânico feito com formas que têm o formato dos pés humanos.

Tradicionalmente, o vinho do Porto é servido no final da refeição com queijo, como um vinho de sobremesa ou como um digestivo, muito embora alguns estilos, como o vinho do Porto branco, também possam ser apreciados como aperitivo (antes da refeição). Muitos chefs criativos gostam de o combinar com os seus pratos principais, sendo também um dos melhores vinhos para acompanhar o chocolate ou um bom charuto.

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Visita à cave da Graham’s em Porto
A história e outras curiosidades sobre o champagne
Como escolher um vinho para um jantar ou uma festa

A maioria das informações deste post foram baseadas no conhecimento que adquiri visitando a Cave da Graham’s e algumas no Wikipedia.

Fotos: reprodução do site da Graham’s